quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Le Mont - Saint - Michel

              2013 já começou com um passeio muito especial, um lugar único e repleto de histórias na região da Nomandia, na França: O Mont Saint Michel. Imaginem uma ilha medieval, toda murada, com uma abadia enorme envolvida nas rochas bem no topo do monte, realmente incrível! Agora imaginem que exatamente nesse lugar tão especial, onde o rio Couesnon deságua no mar, acontece o maior fenômeno das marés da Europa, com ondas gigantes que mudam completamente a paisagem do lugar... não é a toa que a UNESCO tombou como patrimônio da humanidade em 1979 e milhões de turistas visitam esse lugar, que é também um dos 1.000 lugares para se conhecer antes de morrer. 
             Gostaria, antes de tudo, de dar uma explicação a respeito das fotos que vou postar: nosso passeio foi dia 06/01/13, fazia um frio de 3 graus, o dia estava nublado e a maré estava completamente baixa. Minhas fotos não ficaram tão maravilhosas quanto o lugar é, mas, por motivos éticos, vou postar apenas as fotos eu mesma tirei, mesmo não sendo as melhores, e sugiro a todos que pesquisem mais fotos no google images para se ter uma ideia melhor do lugar no verão, com maré alta e vista aérea. 
            Aproveitei que estaria um dia a mais em Paris ( o chamado voo inativo) e planejei toda a viagem: reservei o carro pelo "decolar.com" que saiu por 132 euros duas diárias. Convidei todos os 15 colegas da tripulação para irem comigo mas apenas uma topou. Partimos bem cedo, por volta de  07:30 da manhã e, após 360 km percorridos e 24 euros de pedágio, chegamos, às 11:10, no estacionamento, onde funciona a nova recepção do Mont-Saint-Michel.
               A infra-estrutura do lugar é ótima! O estacionamento (8,50 euros por 24h) fica a cerca de 3 km da entrada do Monte e para chegar até lá é possível pegar um ônibus gratuito ou ir a pé. Nesse ponto também é possível visualizar o dique que foi construído no rio Couesnon.
A partir do ponto de ônibus é possível visualizar o Monte ao fundo
                          

O ônibus possui cabine de motorista do dois lados, pela difuldade de fazer o retorno na estrada estreita












                         







               A chegada aos pés do monte é algo muito impressionante. O tamanho da abadia destaca muito e aquele tanto de turista não consegue parar de tirar fotos desse lugar tão único. 

A partir desse ponto não existe mais carro, nem ônibus, somente pedestres.



           A longa história do Mont-Saint-Michel começou em 708, quando Aubert, bispo de Avranches, mandou edificar sobre o Mont-Tombe um santuário em honra do Arcanjo São Miguel. O local tornou-se rapidamente grande centro de peregrinação. No século X, os monges beneditinos instalaram-se na abadia e desenvolveram uma aldeia no sopé. Durante a Guerra dos Cem Anos, o Mont-Saint-Michel foi um exemplo de arquitetura militar, suas muralhas e fortificações resistiram a todos os ataques ingleses, transformando o Monte em um lugar simbólico da identidade nacional francesa e a devoção a São Miguel maior ainda. No século XIII, uma doação do rei da França, Filipe Augusto, após sua conquista da Normandia,  permitiu iniciar a construção do conjunto gótico chamado "Merveille" (Maravilha). Até o século XVIII segue-se a edificação dos aposentos da abadia. Transformada em prisão da Revolução até o Segundo Império, a abadia foi confiada ao serviço dos Monumentos Históricos desde 1874 e é o terceiro lugar mais visitado da França, só perdendo para Torre Eiffel e Castelo de Versailles. 
          Começamos nossa visita pela porta Bavole e seguimos pela única rua do vilarejo: o pátio de l'Avancée. Hoje a Grande Rue é repleta de turistas e lojas, mas esse sempre foi o caminho que os peregrinos percorriam desde o século XII. 
Porta Bavole, única maneira dos turistas entrarem no vilarejo


"Grande Rue"
                    Antes de visitarmos a abadia, experimentei a famosa omelete do Mont-Saint-Michel, que se assemelha a um suflê e foi inventado em 1888 pela famosa moradora local Mère Poulard. Uma outra especialidade do local é a perna de cordeiro. 
                      Após percorrer toda a rua principal, chegamos a porta da abadia. O ingresso para vista custa 9 euros, mas todo primeiro domingo do mês é gratuito, ainda tivemos essa sorte. Existe também panfletos explicativos em português!!! Sorte dupla!
                    A visita começa na Sala dos Guardas, a entrada fortificada da abadia e após grande escadaria chega-se ao terraço oeste, onde é possível apreciar a baía e a estátua de cobre dourado de São Miguel. 
Entrada da abadia

Grande Escadaria




















                A visita continua na Igreja abacial que foi construída a 80 metros acima do nível do mar. A nave apresenta uma elevação de três níveis: arcadas, tribunas e janelas altas. 
Igreja da abadia
                                     Depois da Igreja, visitamos o claustro, o lugar mais bonito da grande abadia, na minha opinião. Essa galeria permitia a circulação entre os edifícios, era um local de oração e meditação. Está situado na parte superior do edifício chamado "Merveille". O que mais impressiona é o duplo alinhamento das colunas, ligeiramente desencontradas, parece diferente de acordo com o ponto de vista. 
Claustro

Duplo alinhamento das colunas


                                   O refeitório é também muito interessante pois as paredes laterais da sala são atravessadas por frestas estreitas invisíveis a partir da entrada. 
Refeitório - não parece, mas cada fresta é uma janela



                                  Depois de outra escadaria chega-se a sala dos hóspedes, destinado a recepção de reis e nobres. Depois é possível conhecer a cripta dos grandes pilares, a cripta Saint -Martin, o ossário dos monges, a capela Saint-Etienne. Após descer pela grande escadaria norte-sul, chega-se a galeria coberta e a grande Sala dos Cavaleiros. A visita termina na esmolaria, local que os monges acolhiam os pobres e os peregrinos de todas as condições. 
Sala dos cavaleiros

                                               A saída é pelos jardins da abadia, que tem uma vista incrível da baía. 
Jardim da abadia

 Ao sair da abadia, percorremos outro caminho até o portal de entrada, descemos pelas muralhas do vilarejo e tivemos uma vista maravilhosa do lugar. 

Foi muito interessante todo o passeio e nós aproveitamos muito. Gostaria de voltar em uma outra oportunidade para ver o famoso fenômeno das marés, que  apresenta variações de até 15 metros. Dizem que as ondas chegam "como cavalos trotando" e inunda toda a baía em um fenômeno maravilhoso chamado "maré viva" e só acontece nas luas cheia e nova. No próprio site oficial do Mont-Saint-Michel há a tábua de marés para se poder planejar bem a visita para ver esse espetáculo da natureza. 


Paloma e eu
                   Mais quatro horas de viagem de volta para Paris que super valeram a pena. Gastos total da viagem: 85 euros de combustível, 15 euros do almoço, 40 euros de pedágio, 8,50 euros de estacionamento e 132 euros de aluguel de carro. Agradeço a Paloma pela companhia e por dividir as despesas nesse passeio tão legal e agradeço a minha amiga Raquel pelas dicas que ela me passou  antes do passeio. Recomendo a todos visitar esse lugar, caso tenham oportunidade, pois é realmente único!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Vale do Loire - parte 2



      Continuando o passeio pelo Vale do Loire, seguimos em direção ao famoso castelo de Chambord. Idealizado pelo rei Francisco I como um retiro de caça, Chambord possui a arquitetura que faz dele o castelo de todos os exageros: 156 metros de comprimento, 56 metros de altura, 77 escadas, 282 chaminés e 426 divisões. E a sensação que sentimos quando nos aproximamos dele é também um exagero! Essas dimensões colossais nos seduzem de tal forma que não conseguimos parar de tirar fotos. 

       Francisco I (o mesmo do Château de Fontainebleau) viveu em Chambord apenas 72 dias dos seus 32 anos de reinado, não chegando a ver sua obra acabada. Henrique II, seu filho, e Luís XIV é que deram a Chambord o aspecto que conhecemos hoje. 
A entrada dos visitantes é feita pela parte de trás do castelo
A infra-estrutura turística em Chamabord é excelente. O número de turistas é muito alto, até porque o castelo está próximo a Paris (180 km). O estacionamento comporta muitos carros e ônibus e é pago. Toaletes também são pagos (1 euro) e a entrada de visitante custa 9 euros.  

As dimensões dos castelos são tão grandes, que sentíamos dentro de um labirinto sem saber pra onde ir. Mesmo com um mapa (também em português), ficamos meio "perdidos", sem saber o que apreciar e por onde começar a visita. Tudo é grandioso em Chambord. 

No saguão principal, o que se destaca é a célebre escadaria dupla que leva aos três pisos do castelo. Essa escada é formada pelo entrelaçamento de duas escadas em caracol que sobem em torno de um núcleo central. As pessoas que sobem ou descem cada uma das escadas podem se ver através das aberturas no núcleo, mas nunca se encontram! Claro que fizemos a experiência! Realmente muito interessante! 

Famosa escadaria de Chambord
É possível ver quem está na outra escada, mas nunca encontrar













         













A ornamentação esculpida é uma das obras-primas da Renascença francesa. Em cada piso ao redor da escadaria abrem-se quatro vestíbulos formando uma cruz. Essas salas dividem-se em quatro quartos, perfeitamente idênticos entre si. 

Esse plano, extremamente inovador na França, e toda a engenhosidade da escadaria sugerem que Leonardo da Vinci possa ter sido um dos inspiradores do projeto, uma vez que ele esteve na França, em 1516, a pedido de Francisco I. 

Após subir direto toda a escadaria, chegamos no terraço do castelo. É possível circular por grande parte do terraço e ter uma vista magnífica sobre toda a propriedade de Chambord: o parque, os lagos, os detalhes da arquitetura do castelo. Nem o frio de 5 graus espantava os turistas de admirar a beleza do lugar.  
No terraço é possível apreciar o espetáculoo dos telhados: uma mistura de gótico e Renascença italiana

A propriedade de Chambord é composta por 5440 hectares

 No interior do castelo é possível visualizar diferentes estágios de habitação, do século XVI ao século XIX. Como todo castelo, há uma capela, os aposentos do rei, os aposentos da rainha e o salão de audiências. É possível visitar também os aposentos do século XVIII, época em que o castelo ficou mais tempo sendo habitado: 12 anos. Stanislas Leszczynski era rei da Polônia e sogro do rei francês Luís XV, ele habitou Chambord de 1725 a 1733 durante seu exílio. 

Outro persnagem interessante na história do castelo é o Duque de Bordéus, conhecido como Conde de Chambord. Ele foi o proprietário do castelo desde 1821 até sua morte em 1883, mas só passou 3 dias no castelo! Ele tem um papel importante na história francesa pois ao ser chamado a subir no trono em 1871, ele recusou-se a usar a bandeira tricolor e foi exilado, sendo instaurada então a Terceira República. No primeiro piso existe o museu do conde Chambord, que expõe suas louças, pratas, retratos, coleção de brinquedos militares, entre outros.
 
Aposentos reais

Durante a visita, o que nos chamou muita atenção é a ornamentação das abóbodas no saguão do segundo piso. As esculturas das abóbodas associam o F de Francisco I, ao seu emblema, a salamandra, o animal mítico capa de viver ans chamas. Essa simbologia também é presente no Chatêau de Fontainebleau.
Uma parte da ornamentação da abóboda: o F e a salamandra




Abóboda esculpida









  

          Após a visita no interior do castelo, era hora de nos deslumbrar com seu exterior.  O sol já havia se escondido e tínhamos apenas alguns minutos antes da escuridão da noite de inverno que estava começando. 

Regina, Valéria, eu e Ronaldo: ficamos aguradando as luzes do castelo acender, mas isso não aconteceu!

     Voltamos para Paris e fizemos uma breve parada próximo a Torre Eiffel para comemorarmos o nosso Reveillon adiantados, já que no dia seguinte estaríamos todos dentro do avião. 

Gostaria de agradecer imensamente a companhia animada e a divisão de todos os gastos (pedágio - 30 euros, gasolina-60 euros, aluguel carro - 200 euros) aos meus queridos colegas Regina, Ronaldo e Valéria. 

E gostaria de dedicar esse post a todos meus amigos, familiares e pessoas que amo que entenderam minha ausência na virada do ano... Feliz 2013 a todos!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Vale do Loire - parte 1




       O rio Loire na França é também conhecido como “rio real” pois, há séculos, nobreza e realeza francesa ergueram mais de mil castelos e mansões às suas margens. De acordo com o livro “1.000 lugares para conhecer antes de morrer”, cada uma dessas construções é uma obra prima de suntuosidade e extravagância, que deve ser visitada antes de morrer! O difícil mesmo é escolher quais castelos visitar quando se tem apenas um dia para passear na região. Acabei decidindo pelos dois mais conhecidos: Château de Chenonceau e Château de Chambord.
A melhor maneira de se chegar ao Vale do Loire é de carro, a partir de Paris. Eu e três colegas, Regina, Ronaldo e Valéria, aproveitamos nosso dia “inativo” (sem precisar trabalhar) na capital francesa para fazermos nosso último passeio de 2012.  Saímos cedo, com um Peugeot 207 SW alugado no aeroporto Charles de Gaulle. Em menos de três horas e com a ajuda do GPS, chegamos ao nosso primeiro destino: o castelo de Chenonceau.
Da esquerda para direita: Valéria, Regina, eu e Ronaldo















     A infra-estrutura turística do lugar é tão impressionante quanto sua beleza. Há amplos espaços para estacionamento, várias máquinas para comprar os ingressos (caso tenha muitas filas no caixa normal) e melhor de tudo, um guia de 22 páginas escrito em português!!! Algo que não existe nem no museu do Louvre!
O castelo de Chenonceau foi construído sobre o rio Cher, no século XVI, por Thomas Bohier e Katherine Briçonnet. Foi um presente do rei Henrique II a sua amante preferida Diane de Poitiers, em 1547. Após a morte do rei, a viúva, Catarina de Médicis desalojou Diane e deu prosseguimento a obras de arquitetura no castelo. Já em 1589, ao perder seu esposo Henrique III, Louise Lorraine viveu seu luto dentro do castelo e foi a última representante da realeza a viver no castelo de Chenonceau.
No século XVIII o castelo foi ambiente de saraus e era frequentado por escritores, poetas, cientista e filósofos da época, entre os quais Montesquieu, Voltaire e Rousseau. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi instalado um hospital nas duas galerias do castelo e mais de dois mil feridos foram atendidos graças a enfermeira chefe Simone Menier.

Jardim de Diane de Poitiers
      Depois de familiarizar com a história do castelo, preferimos começar a visita pelos jardins. Visitamos primeiro o jardim de Catarina de Médicis, com 5.500 m2, tem uma vista magnífica da fachada oeste do castelo. Depois fomos ao jardim de Diane de Poitiers, com 12.000 m2 formado por oito grandes triângulos de grama que convergem em um chafariz. Ambos jardins são belíssimos e até no inverno dá vontade de passar o dia apreciando abeleza do lugar.
No interior do castelo, alguns aposentos estavam com a lareira acesa, deixando a visita ainda mais agradável. No piso térreo, inicia-se a visita pela sala de guarda, passando pela capela, quarto de Diane Portiers, Gabinete Verde, biblioteca, a majestosa galeria com 60 metros de comprimento e 18 janelas. 
A grande galeria era usada como um magnífico salão de baile
Capela do castelo com decoração de Natal
Quarto de Catarina de Médicis























 

      A cozinha do Chenonceau fica situada no imenso porão formado pelas duas primeiras pilastras fincadas no leito do rio Cher.  Após a visita a cozinha, volta-se ao andar térreo para a visita ao Salão François I e Salão Luís XIV.
Cozinha localizada no porão

       A escada que conduz ao primeiro andar foi uma das primeiras escadas retas construídas na França. No primeiro andar é possível visitar o vestíbulo de Katherine Briçonnet, o quarto das cinco rainhas, o quarto de Catarina de Médicis, o quarto de César Vendôme, o quarto de Gabrielle D’Estréss. E no segundo andar é o fúnebre quarto de Louise de Lorraine, que viveu seu luto no castelo após o assassinato de seu marido, o rei Henrique III. 
Após a visita ao castelo, passamos pelo pequeno museu de cera, composta pelos personagens ilustres que já moraram ou visitaram o castelo. Também na parte de fora há a chamada “Fazenda do século XVI” que abrange a estrebaria e a horta do castelo. Há também um labirinto de plantas de 1hectare, no meio de uma clareira do parque de 17 hectares.
Fazenda do século XVI

Para voltar ao estacionamento é obrigatória a passagem pela loja de souvenirs. A vontade era de ficar mais e passar o dia todo naquele lugar lindo, aconchegante e bem cuidado, mas como tínhamos pouco tempo seguimos nosso caminho. Continuamos nossa viagem rumo ao maior castelo do Vale do Loire, mas esse vai ficar para o próximo post...