sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Château de Fontainebleau

A famosa escadaria em forma de ferradura é do reinado de Luís XIII

Esse blog poderia chamar-se "Castelos Pelo Mundo", pois a maioria dos textos que escrevo são sobre castelos da Europa, meus lugares preferidos de visitar. Considero visitas a castelos passeios completos pois há jardins belíssimos, arquitetura, pintura, decoração e, mais interessante, muita história. O castelo que visitei essa semana é um dos mais importantes na história francesa: o castelo de Fontainebleau, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.

















O castelo de Fontainebleau existe desde a Idade Média, mas foi no reinado de François I (1515-1547) que houve sua reconstrução e ampliação, tornando uma residência real que abrigou todas as dinastias francesas.


A pequena cidade de Fontainebleau fica cerca de 70 km de Paris. A maneira mais fácil de chegar é pegando um trem na Gare de Lyon. É preciso pegar trens com destino a Montargis Sens ou Montereau e descer na estação Fontainebleau - Avon. A viagem dura cerca de 40 minutos. Chegando na estação é só pegar o ônibus 1 com destino a Les Lilas e descer na parada "Château". Dica: o ticket "mobilis" é aceito nesse trajeto e custa 15 euros para usar  o dia todo. Em menos de uma hora,  a partir de Paris, é possível chegar nesse lugar tão impressionante!

Estação de trem (Gare) de Fontainebleau

A visita ao interior do castelo custa 10 euros, incluso o audioguia (que não tem em português). A visita dura cerca de duas horas, mas seria preciso o dia inteiro para admirar com atenção cada detalhe no interior desses aposentos reais. 

O castelo sofreu várias reformas e ampliações ao longo dos anos, de acordo com cada reinado vigente. O audioguia explica exatamente a época e o rei responsável por cada aposento. Eu até me perdia em meio aos Boubons, Orléans, Bonaparte, ao final até comprei um livrinho por 2 euros explicando toda a cronologia dos reis, passando pela Revolução Francesa até a instauração da República. 

Vou relatar aqui os aposentos que mais me chamaram atenção e me deixaram literalmente boquiaberta:

Galeria de François I (em português seria Francisco I): Essa galeria de 60m de comprimento é uma das mais impressionantes do castelo. Com pinturas e afrescos dos dois lados da parede, a gente não sabe para onde olhar. Os detalhes são tantos que dão margens a diferentes interpretações. O audioguia chamou a atenção para os desenhos de salamandra, pois acreditava-se que era o único animal que sobreviveria a um incêndio, portanto poderoso e muito admirado pelo rei Francisco I. 









Salão de festas: Finalizado no reinado de Henri II (1547-1559), a lareira é o ponto alto do salão com  duas estátuas de bronze. O teto é impressionante e várias cerimônias importantes foram realizadas nesse  nesse salão.





Capela Santíssima Trindade: Essa capela pertencia a um mosteiro e foi anexa ao castelo nas obras de Francisco I. Há duas entradas: uma por cima, somente para os reis, rinhas e imperadores e outra por baixo, para os demais membros da corte. 

Entrada da parte de cima da capela



Entrada da parte de baixo da capela
















Na parte dos apartamentos reais o que impressiona é o mobiliário, com os tapetes e móveis refinados, ricos em detalhes e em história.

Quarto da rainha. A primeira a utilizar foi a Imperatriz Josephine, esposa do imperador Napoleão Bonaparte.


Sala do trono - antes funcionava como quarto do rei, o teto é da época do reinado de Luís XIII

Essa é a sala de estudos de Napoleão. Em 1811 foi colocada essa pequena cama para que ele pudesse tirar um cochilo durante suas longas noites de trabalho.





Esse é o Salão da Abdicação pois foi nessa mesa que Napoleão assinou o Primeiro Ato de Abdicação, em 1814.



Ao fim da visita no interior do castelo fui conhecer os jardins. A temperatura de 12°C do outono europeu não estava tão confortável mas mesmo assim foi possível admirar a beleza dos jardins  e a dimensão do castelo. De acordo com o guia são 1876 janelas. 



























Foi um passeio muito legal, pena que dessa vez não tive companhia. Todos os 15 colegas que convidei para me acompanhar não tiveram interesse. Com certeza passeios com companhias são bem melhores. Por isso, dedico esse texto a todos que já me fizeram companhia em algum momento nessas andanças pelo mundo, especialmente ao Paulo, meu companheiro de tantos anos, que não pudemos passar a noite de seu aniversário juntos justamente para eu fazer esse voo... 










































segunda-feira, 2 de julho de 2012

Castelo do Dragão





Quem já leu os posts antigos com os títulos "Vale do Rio Reno" sabe o quanto é legal e interessante visitar os castelos dessa região da Alemanha. Quando tive a oportunidade de ir pra Frankfurt em junho/2012, em pleno final de primavera na Europa, não pude deixar de aproveitar essa oportunidade para conhecer mais um castelo nessa região tão bonita, em uma época do ano que tudo fica mais lindo.

O plano era aquele de sempre: alugar um Fiesta no carpool da Lufthansa, com desconto para tripulante, comer, dormir  e acordar às 06:00 da manhã local, que significa 01:00 no horário brasileiro. Jet lag à parte, essa é a melhor maneira de curtir o dia.

Minhas companheiras desse passeio foram: Juliana, Michely, Priscila e Nayara, carro cheio! Adorei a companhia delas! Saímos do hotel às 07:00. Com a ajuda do GPS e das autobans (rodovias) alemãs, chegamos em Königswinter às 08:40. Estacionamos o carro próximo ao centro de informações turísticas e lá mesmo conseguimos todas as informações, em inglês.

O castelo fica no alto de uma montanha chamada Drachenfels (montanha do Dragão), em um lugar conhecido como "As Sete Montanhas". Para se chegar até lá é preciso uma hora de caminhada ou utilizar a ferrovia mais antiga da Alemanha e subir de trem, que parte a cada 30 minutos.  




Fizemos a opção pelo trem e pagamos 16 euros pelo ticket combinado: trem, castelo e zoológico de répteis. O trem faz duas paradas. A primeira no Castelo do Dragão "novo", construído no século XIX e a segunda nas ruínas do Castelo antigo, que fica a 321m acima do Rio Reno.


Nesse mirante é possível visualizar o Rio Reno e as ruínas do Drachenfels.


Subimos mais alguns metros a pé até as ruínas. Éramos as únicas turistas lá naquele horário e aproveitamos para tirar várias fotos. Do alto foi possível avistar a cidade de Bonn e várias outras cidadezinhas nas margens do Reno.


Como as visitas ao castelo só começam às 11h, tivemos tempo de visitar o Nibelungenhalle, um museu sobre a lenda dos Nibelungos. De acordo com a lenda, vivia nessa montanha um dragão que escondia um tesouro. Siegfried foi o único capaz de matar esse dragão com sua poderosa espada feita com um metal especial, adquirido com a queda de um meteorito.


A poderosa espada de Siegfried e, aos fundos, a tela mostra Siegfried matando o dragão.

Depois de visitar esse museu, faz parte do passeio entrar no Drachenhöhle (buraco, caverna do dragão) e, depois de andar por alguns metros em uma caverna escura, encontramos o dragão! Em seguida passamos pelo zoológico de répteis, com diversas cobras, iguanas, jacarés e até algumas aves. Visitamos tudo rapidamente pois o cheiro estava forte. Por coincidência conhecemos um brasileiro que mora nessa montanha há 20 anos.
Depois de toda essa aventura enfim fomos conhecer o Drachenburg (Castelo do Dragão). Construído em 1882, em estilo gótico, cheio de torres e janelas panorâmicas. Na época, era uma residência privada de um rico banqueiro, hoje é administrado pelo governo alemão.




Os jardins do castelo são impressionantes! Muito bem cuidado, com vários tipos de flores e fontes diferentes.

O interior do castelo é também impressionante. Rico em detalhes, cheio de janelas com vista panorâmica para o Vale do Rio Reno. Infelizmente, apenas poucos aposentos podem ser visitados.




Depois de passear no interior do castelo, visitamos os jardins da parte da frente.




Da esquerda para direita: Michely, Priscila, Nayara, Juliana e eu.



Para finalizar o passeio, subimos muitos degraus de uma escada caracol até o alto da torre do castelo. Foi cansantivo mas valeu a pena. Uma vista mravilhosa do castelo e seus jardins, do rio Reno, de Konigswinter e dos vinhedos da região.


Pegamos o trenzinho de volta para cidade às 12:35 e voltamos a Frankfurt/ Neu-Isenburg por outro caminho: pelas margens do rio Reno. Trocamos a alta velcidade da autoban pelos 80km/h na estradinha que tem maior número de castelos por metro quadrado na Alemanha. Não sabia se dirigia ou se ficava olhando no mapa o nome de cada castelo.


Marksburg


Burg Katz

Burg Richenstein


Burg Rheinstein

Fizemos uma rápida parada na cidade de Rüdesheim para um almoço no delicioso restaurante Ratsstube. Na volta para o hotel abastecemos o carro por 40 euros e na devolução do carro descobri que rodamos quase 500 km! Com isso, o aluguel do carro saiu por 9 euros para cada. Ou seja, por 33 euros, cerca de 80 reais tivemos a oportunidade de passar um dia rico em cultura e beleza! Agradeço a Deus por ter tido essa oportunidade tão maravilhosa em minha vida e agradeço a todos que gastaram alguns minutos de suas vidas lendo esse post.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Segóvia - Espanha


Segóvia é uma  cidade localizada cerca de 100 km de Madri e declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Em dezembro de 2010, tive a oportunidade de passar um dia maravilhoso nessa cidade e conhecer um pouco de sua história.

Primeira parte do passeio: como chegar. É muito fácil e rápido chegar a Segóvia partindo de Madri. Graças aos trens de alta velocidade AVE é possível chegar a Segóvia em 27 minutos, partindo da estação Chamartin. E o preço é cerca de 25 euros por trecho.



Essa foto, tirada dentro do trem, mostra que reamente é um trem de alta velocidade: 244 km/h.

A estação de trem fica afastada da cidade, é preciso pegar um ônibus para se chegar até o centro histórico. Todos os horários de ônibus coincidem com as chegadas e partidas dos trens. Na estação é possível adquirir mapas da cidade.


Convidei vários colegas para o passeio, mas apenas duas aceitaram meu convite, a Camila e a Deise. Assim que descemos do ônibus nos deparamos com o enorme aqueduto romano. É muito impressionante o tamanho e a perfeição dessa obra. Construída pelos romanos, no século I, sem o uso de cimento ou argamassa, apenas encaixe de pedras, com o objeitvo de transportar água das montanhas para a cidade. O aqueduto possui 813 metros de extensão e 28 metros de altura, além de 166 arcos e 120 pilares em dois níveis.


Tivemos sorte de estar um dia muito bonito de inverno. Apesar do frio de cerca de 10°C, fazia sol e céu estava bem azul. Não tivemos tempo de percorrer toda a extensão do aqueduto, pois tinha os outros pontos turíticos a conhecer.



Na Plaza Mayor fica imponente Catedral de Segóvia. Construída em estilo gótico, entre os anos 1525 e 1577, possui três abóbadas altas e uma torre de 90 metros. Do ângulo que tirei essa foto não é possível ver a torre, mas na primeira foto da postagem têm-se a vista geral da cidade.
A visita a Catedral custa 3 euros, com direito ao mapa da catedral com explicações em português. O guia é bastante informativo, enumera e explica todas as 20 capelas, além do presbitério, altar-mor, claustro, sala capitular, coro e sacristia. O estilo e a cronologia da catedral é gótico, mas é preciso acrescemtar que a concepção de espaço, a luminosidade, os volumes e o seu tratamento respondem a uma estética renascentista. No seu interior, encontram-se grandes obras artísticas, infelizmente é proibido fotografar.



Por último, mas não menos importante, visitamos o Alcazar de Segóvia. A visita custa 5 euros, também com direito a mapa e explicações em português, que facilita muito a visita.


Durante a Idade Média, o Alcázar foi uma das moradas favoritas dos reis castelhanos, chegando a ser uma fortaleza chave para o domínio de Castela. Filipe II celebrou nele o casamento com sua quarta mulher, Ana de Áustria.


Após a instalação da Corte em Madri, o Alcázar perdeu a sua condição de residência real e tornou-se prisão estatal durante mais de dois séculos.


Em 1762, o rei Carlos III fundou a Real Escola de Artilharia, que foi instalada no Alcázar. Hoje funciona o Museu da Real Escola da Artilharia, dividido em quatro etapas.

Em 1862 um apavorante incêndio destruiu os telhados e estragou a estrutura do Alcazar. Em 1882 começou a restauração e em 1898 instalou-se na parte superior do prédio o Arquivo Geral Militar, que se encontra até hoje.

O roteiro para a visita no Alcazar passa nos seguintes cômodos: Sala do Paço Velho, Sala da chaminé, Sala do Trono, Sala da Galé, Sala das Pinhas, Câmara Régia, Sala de Reis, Sala do cordão (foto abaixo), capela, sala de armas e, a parte que mais gostei: a torre São João II.

A grande torre foi construída sob o reinado de João II, como ampliação de outra mais antiga. Durante muito tempo serviu de Prisão Estatal. As doze pequenas torres da zona supeior são obras de Juan Guas. 


Nesse momento que estávamos apreciando a incomparável paisagem da cidade de Segóvia do alto da Torre, os sinos da Catedral bateram 12 vezes, indicando que era meio-dia do horário de inverno europeu... hora de descer da torre, voltar para estação de trem, voltar para Madri, voltar para o Brasil...